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Ocupação na indústria cresce 5,3%, mas não recupera perdas dos últimos dez anos

 



Em 2021, a indústria ocupava 8,1 milhões de pessoas e pagou R$ 352,1 bilhões em salários. As Indústrias de Transformação detinham 97,4% dos postos de trabalho do setor.
Entre 2012 e 2021, a remuneração média mensal, medida em salários mínimos, caiu em 25 das 29 atividades.
Desde 2012, houve uma redução de 8,6% na ocupação, com menos 758,6 mil vagas: 9,3 mil nas Indústrias extrativas e 749,3 mil nas Indústrias de transformação.
Entre 2020 e 2021, entretanto, a ocupação cresceu 5,3% com mais 407,7 mil vagas: 11,6 mil nas Indústrias extrativas e 396,1 mil nas Indústrias de transformação.
A receita líquida da indústria chegou a R$ 5,6 trilhões em 2021, sendo R$ 456,7 bilhões das Indústrias extrativas e R$ 5,1 trilhões das Indústrias de transformação.
Entre 2012 e 2021, das atividades com maior variação na RLV, o destaque foi o declínio da indústria automobilística (-3,7 p.p.), especialmente após 2019.
Em 2012, essa atividade ocupava a segunda posição no ranking de RLV, com 10,9%, passando para 7,2% em 2021.
Em contrapartida, destacou-se o crescente aumento de participação da Extração de minerais metálicos, com forte ritmo de aceleração após 2016.
A Indústria alimentícia, principal atividade industrial em participação na RLV (21,5%), voltou a cair em 2021, após ensaiar aumento na participação em 2020 frente a 2019.


Em 2020, o país tinha 325,8 mil indústrias com uma ou mais pessoas ocupadas, sendo 6,3 mil nas Indústrias extrativas e 319,5 mil nas Indústrias de transformação. Essas empresas geraram R$ 5,6 trilhões de receita líquida de vendas – R$ R$ 456,7 bilhões na Indústria extrativa e R$ 5,1 trilhões na Indústria de transformação – e pagaram R$ 352,1 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. Foram gerados R$ 2,2 trilhões em valor de transformação industrial, com 85,8% vindo das Indústrias de transformação. Essas quantias estão em preços correntes de 2021. Os dados são da Pesquisa Industrial Anual – Empresa (PIA Empresa), que abrange as Indústrias extrativas e de transformação.


Para Synthia Santana, gerente de análise estrutural, esse cenário da produção industrial reflete os aspectos macroeconômicos: o PIB cresceu 5,0% em 2021 e a inflação registrada pelo IPCA foi de 10,06%. Paralelamente, a taxa de juros chegou a 9,25% em dezembro de 2021. A taxa de desocupação no quarto trimestre desse ano, segundo a PNAD Contínua, foi de 11,1%, enquanto a balança comercial teve superávit recorde, influenciado pelos preços internacionais.

“Todos esses fatores contribuíram para a recuperação do setor industrial em 2021, após o início da vacinação. Mas a recuperação também se deve a uma base de comparação menor, já que 2020 foi um ano com baixa atividade industrial”, destaca Santana.

Em 2021, as atividades industriais com maior peso na receita líquida de vendas aumentaram sua participação, frente a 2012. A exceção foi Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, que caiu da segunda para a quinta posição no ranking de faturamento industrial.

“Em 2021, a indústria alimentícia representava 21,5% da receita líquida de vendas da indústria brasileira, com sua participação crescendo 2,3 p.p ante 2012. Mas, no mesmo período, a participação da indústria automobilística caiu 3,7 p.p., saindo da segunda posição no ranking e chegando à sua menor participação na série: 7,2% da RLV”, diz Santana.

Das 29 atividades, apenas indústria de bebidas perdeu pessoal em 2021

A ocupação na indústria subiu pelo segundo ano consecutivo. Em 2021, o setor industrial ocupava 8,1 milhões de pessoas, sendo 97,4% (7,9 milhões) nas indústrias de transformação. Esse movimento, no entanto, não foi suficiente para recuperar as vagas perdidas na recessão 2015-2016. A população ocupada na indústria caiu 8,6%, ou 758,6 mil vagas a menos, entre 2012 e 2021: menos 9,3 mil nas Indústrias extrativas e menos 749,3 mil nas Indústrias de transformação.


As cinco atividades que mais empregaram em 2021 somavam 46,4% do total de pessoas ocupadas. Entre elas, apenas as Indústrias alimentícia e de produtos minerais não metálicos aumentaram suas participações ao longo da série histórica da pesquisa. O principal destaque foi a perda gradativa de participação da Indústria de vestuário, segundo maior empregador, que reduziu 193,2 mil vagas.

“Em 2021, houve aumento de 407,7 mil postos de trabalho (5,3% de aumento): 11,6 mil nas Indústrias extrativas e 396,1 mil nas Indústrias de transformação. Mas esses aumentos não recuperaram as perdas do biênio 2015-2016. Ainda estamos com quase 1,0 milhão de pessoas abaixo do ponto mais alto da série, em 2013, quando a indústria tinha 9,0 milhões de ocupados”, ressalta a gerente.

As cinco atividades que mais empregaram foram: Fabricação de produtos alimentícios (22,5%), Confecção de artigos do vestuário e acessórios (7,0%); Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (6,0%); Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (5,5%); Fabricação de produtos de minerais não-metálicos (5,4%). “As mesmas atividades estavam no ranking em 2012, mostrando que a indústria é muito estável nesse aspecto”, destaca Santana.

Entre 2020 e 2021, as maiores altas ocorreram em de Confecção de artigos do vestuário e acessórios (51,0 mil), Fabricação de produtos alimentícios (45,9 mil) e Fabricação de produtos de metal (42,7 mil). A única perda foi na Indústria de bebidas (-0,3 mil).

Em dez anos, salário médio teve reduções em 25 das 29 atividades

Entre 2012 e 2021, em 25 das 29 atividades houve queda na remuneração média mensal, medida em salários mínimos. No período, o salário médio na Indústria caiu de 3,4 s.m. para 3,1 s.m. Mesmo pagando os salários mais elevados, as Indústrias extrativas tiveram uma redução no salário médio, passando de 6,2 s.m. em 2012 para 5,1 s.m. em 2021. Nas Indústrias de transformação, o salário médio caiu de 3,3 s.m. em 2011 para 3,0 s.m. em 2021.

Entre 2012 e 2021, as reduções mais intensas foram na Extração de petróleo e gás natural (-11,0 s.m.), Fabricação de coque, produtos derivados de petróleo e de biocombustíveis (-3,7 s.m.) e Extração de minerais metálicos (-1,8 s.m.).

Já em 2020 frente a 2021, o salário médio teve reduções em cinco das 29 atividades. As variações mais intensas foram em Extração de petróleo e de gás natural (-3,0 s.m.), Atividades de apoio à extração de minerais (-0,8 s.m.) e Extração de minerais metálicos (alta de 0,9 s.m.).

Em 2021, Sudeste volta a ganhar participação e ainda detém mais de 50% do VTI

Em 10 anos, destaca-se a redução na concentração do Valor de Transformação Industrial (VTI) nas Regiões Sudeste, Sul e Nordeste, que recuaram, respectivamente, 1,5 p.p., 0,8 p.p. e 0,5 p.p. nesse período. Em contrapartida, houve avanço nas duas regiões menos representativas: Norte (1,9 p.p.) e Centro-Oeste (0,8 p.p.). Na comparação de 2021 com o primeiro ano de pandemia, em 2020, embora o ranking tenha se mantido, houve aumento de participação (2,7 p.p.) do Sudeste que ainda concentrava 58,9% do VTI. As demais regiões perderam espaço: Norte (1,3 p.p.), Sul (0,7 p.p.), Nordeste (0,4 p.p.) e Centro-Oeste (0,3 p.p.). O Sul, que ocupa a segunda posição no ranking, caiu à sua menor participação (18,0%) desde 2007.

No Sudeste, São Paulo concentrou 53,0% do VTI, seguido por Minas Gerais (21,7%), Rio de Janeiro (19,6%) e Espírito Santo (5,8%). Entre 2012 e 2021, embora não tenha havido mudança no ranking regional, destaca-se a redução da participação de São Paulo (-5,0 p.p.), em contrapartida ao avanço da produção na indústria mineira (3,0 p.p.). Em 2021, as principais atividades eram da cadeia extrativa de petróleo e gás natural e de refino de petróleo.

O ranking de VTI da Região Sul foi liderado pelo Paraná (36,0%), seguido pelo Rio Grande do Sul (34,9%) e Santa Catarina (29,2%). Entre 2012 e 2021, a participação do Rio Grande do Sul no VTI regional caiu 2,6 p.p., tirando o estado da liderança no ranking. Santa Catarina, por sua vez, avançou 3,6 p.p. e manteve o 3º lugar. Em 2021, 37,9% do VTI da região estava concentrado nas três principais atividades: Fabricação de produtos alimentícios (21,9%), Fabricação de máquinas e equipamentos (8,3%) e Fabricação de produtos químicos (7,7%).

No Nordeste, a Bahia correspondeu à maior parcela do VTI (39,6%), seguida por Pernambuco (19,8%) e Ceará (14,7%). Os 26,0% restantes foram distribuídos entre: Rio Grande do Norte (7,7%), Maranhão (7,4%), Paraíba (3,2%), Alagoas (3,1%), Sergipe (2,9%) e Piauí (1,7%). Destaca-se o declínio da indústria baiana, com redução na participação de 3,0 p.p., ao passo que a indústria maranhense cresceu 2,6 p.p. entre 2012 e 2021. Entre os setores predominantes na região, destacam-se a indústria alimentícia, a do refino de petróleo/biocombustíveis e a química.

Pará (63,4%) e Amazonas (31,9%) foram responsáveis por 95,3% do VTI gerado na Região Norte. Além destes, o ranking regional compreendeu: Rondônia (2,2%), Tocantins (1,8%), Amapá (0,3%), Acre (0,3%) e Roraima (0,1%). Entre 2012 e 2021, a principal mudança estrutural foi o aumento da participação do Pará (19,9 p.p.), pelo potencial de sua indústria extrativa, em detrimento do Amazonas (17,8 p.p.), que, apesar dos incentivos do Polo Industrial de Manaus, perdeu a liderança em 2017, quando o Pará assumiu a primeira posição no ranking.

No Centro-Oeste, Goiás representou 46,5% do VTI regional, seguido por Mato Grosso do Sul (26,1%), Mato Grosso (24,9%) e Distrito Federal (2,5%). Em 10 anos, a única mudança no ranking regional foi denotada pelo avanço de 6,6 p.p. do Mato Grosso do Sul, que ultrapassou o Mato Grosso e ocupou a segunda posição. A indústria do Centro-Oeste se destacou pela agroindústria com grande potencial exportador, com indústria alimentícia e de biocombustíveis.

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